Escritórios de advocacia e a cultura do trabalho tóxico

Há algumas semanas, surgiu uma página no Instagram voltada para denúncias dos escritórios de advocacia que possuem práticas de trabalho tóxicas (@escritoriosexpostos). Dizer tóxicas, na realidade, é amenizar os fatos.

Bastam alguns minutos olhando as postagens na página para sentir medo, nojo e desesperança. Para desacreditar nessa humanidade tão cruel e sem sentido.

Como é de conhecimento geral, o mundo jurídico é violento. As cargas de trabalho são absurdas, as grosserias são muitas e os profissionais criados nesse meio tendem a perpetuar as agressividades que sofreram quando eram apenas estagiários.

Nesse ciclo de desumanidade, a saúde mental grita. Trabalhadores de todos os níveis da cadeia se demitem, completamente esgotados física e mentalmente.

Nos relatos, muita dor. Pessoas com as carreiras destruídas por chefes maldosos e ingratos, além de um sistema que fecha os olhos para todas as brutalidades descritas.

O famoso burnout se torna tão comum que chega a ser assustador. E com as denúncias, qual a resposta dos superiores?

“O nosso escritório não é para os fracos”

“A carga de trabalho de ‘fulano’ não tem nada de excepcional”

“Nosso nível de exigência de fato é muito alto, mas é assim para todos”

“Quem não aguenta, deve pedir demissão”

Chega a ser ilógico. É esse tipo de ambiente de trabalho que vai aumentar a produtividade dos seus empregados? É nesse local que as mentes brilhantes do Direito vão querer construir seu legado?

Como é possível, em 2022, a cultura do trabalho tóxico ser tão presente?

Ao criar ambientes de trabalho mais saudáveis, estaremos criando profissionais mais saudáveis e, consequentemente, mais competentes. Profissionais que se dedicam, que trabalham felizes e que contribuem ativamente para o sucesso de seus empregadores.

Que essa mudança tão necessária no mundo do trabalho venha o quanto antes. Já basta de tanta atrocidade.