Ferramentas para estimular a criatividade
Há quase um ano atrás, escrevi um texto chamado ‘A criatividade como elemento da nossa identidade’. Acho ele uma preciosidade, se me permite esse imodesto comentário.
Nele falo um pouco sobre a minha visão dos nossos processos criativos e como, quando crescemos, perdemos parte essencial das nossas criações por estarmos sempre apegados a excelência e ao propósito.
E nessa história de falar sobre o criar só por criar, me questionaram nos comentários: quais ferramentas usar para estimular a criatividade?
Apesar do Google ter receita para t-u-d-o, criatividade não tem fórmula mágica. Estranho seria se tivesse… E isso que vivemos em uma época em que a inteligência artificial tenta com todas as suas forças nos ‘roubar’ os trabalhos criativos (mas essa conversa podemos ter depois).
Vou derramar toda a minha honestidade aqui e dizer que essa pergunta foi feita há 4 meses por um querido leitor (oi Anderson!).
Isso significa que há 4 meses eu deixo esse e-mail marcado como não lido. Um lembrete em negrito na minha caixa de entrada que se tornou uma espécie de combustível por aqui.
Veja, eu checo meus e-mails todos os dias. Até de domingo!
É um mal que eu carrego, eu sei. Mas há quatro longos meses eu penso diariamente no que é que me traz criatividade e cheguei a algumas conclusões. Vamos lá?
1) Adeus, redes sociais
Talvez eu te choque muito com essa minha próxima afirmativa. Mas sim, o Tiktok está te deixando mais burro.
Não me leve a mal, eu sou muito fã da internet. É incrível poder conhecer tantos mundos ao simples clique de um botão.
Eu sigo, com o perdão da palavra, uma caralhada de gente, justamente porque fico maravilhada em pensar nas possibilidades que as redes sociais nos trazem.
Maaaas, rolar um feed por 2 horas e 45 minutos definitivamente não te deixa mais criativo.
Faça o seguinte exercício: coloque um despertador e fique 20 minutos no Instagram. Quando o despertador tocar, tente se lembrar de 5 vídeos legais que você tenha visto nesse tempo. Que realmente te agregaram algo.
Seu cérebro vai fazer uma ginástica mental tenebrosa, já que a maioria do conteúdo que consumimos simplesmente sequer é absorvido por nós.
E mais, sua mente não tem a chance de descansar se ela está permanentemente inundada de tantos estímulos — e mentes cansadas não criam arte.
Cumpre fazer uma ressalva: isso não significa que as redes sociais são grandes vilões e devemos todos jogar fora os eletrônicos para retornar a tempos mais simples.
Calma lá, também tem muita coisa boa e muita gente boa que pode ser fonte de inspiração nesse nosso mundo on-line. A questão é usá-lo com sabedoria e parcimônia, cuidando para não cair em um looping de conteúdo ruim.
2. Mais um hobby, por favor
Se você é um pintor e quer estimular a criatividade, faça aula de esgrima.
Se é escritor, vá a uma aula de dabke.
Se é dançarino, está na hora de aprender a fazer crochê.
Na minha experiência, a criatividade não vem necessariamente da atividade que você se sente mais confortável em criar. Ela vem do inesperado, das experiências.
A criatividade emerge quando menos esperamos. Por isso é senso comum que algumas das melhores ideias surgem no banho ou escovando os dentes ou fazendo um bolo (que, no meu caso, costuma queimar).
É preciso ter repertório, bagagem, história pra contar.
É preciso viver para criar.
Quando pensamos em dedicar nossas vidas a arte, não se pode esquecer de que a vida é fator crucial nessa equação.
3. Olhos de criança
Agora, minha estratégia predileta para o resgate da autenticidade das criações é das coisas mais simples possíveis.
Somos tão criativos quando crianças... Nossos pensamentos não nos limitam, já que encaramos o mundo com curiosidade inata.
Tudo nos parece extraordinário. De um sorvete no meio da manhã a uma flor crescendo na calçada. As coisas nos chamam, as cores são mais brilhantes.
Quando criança, enxergamos a vida com poesia. E esse tipo de olhar é um convite para criar.
Então te convido a exercitar a sua criatividade e procurar, nas pequenas coisas ao seu redor, o que faria seus olhos de criança cintilarem como diamantes — para arranjar um jeito de transformar isso em arte.
Essas são algumas das coisas que me vieram a mente nesses últimos 4 meses mas, reforço que estímulo à criatividade não tem resposta certa. Me conta o que te deixa mais criativo por aí?